Aquele chão de terra, a parte não iluminada da rua que caminho, incansável, é onde posso ver as estrelas, nomear as árvores, criar histórias, chorar minhas mágoas. Posso calar o mundo. Posso tudo, pois é meu. São minhas pegadas, é o som do meu vento, é a penumbra do meu coração onde só o céu clareia. Chego, pois, na luz pelos mesmos anseios e sinto um aroma agradável. Por que a comida do vizinho sempre tem um cheiro tão bom? Boto os pés em casa. Mas não é meu lar. Meu lar é aquele pedaço de chão onde eu posso ser o que quiser, posso viver o que quiser, posso até ser o que sou. Mesmo que eu nem saiba disso.
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