"Ouve apenas superficialmente o que digo
e da falta de sentido nascerá um sentido
como de mim nasce inexplicavelmente vida alta e leve"
C. Lispector

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Resumo Annales


Orientado pelo professor Paulo Fernando Cotias


NAVEIRA, O. P. Os Annales e as suas influências com as Ciências Sociais. In: Introdução ao estudo da História. Rev. Virtual de História, São Paulo, ano VI, n.27, janeiro/março, 2006.

Observar a trajetória dos Annales permite-nos a idéia de uma história com forte relação unindo passado e presente independente de suas rupturas e novos começos. Da mesma forma a história, a antropologia e a sociologia, apesar de seus conflitos, são dependentes uma das outras para que se forme um retrato do passado baseado em diversos fragmentos; e mesmo assim não há regressão absoluta. Como uma ciência fortemente volúvel por sua total dependência do processo de socialização de quem a escreve, a história se modifica, é viva, pelas palavras de consagrados nomes, como os principais mentores da revista de Annales – também denominada Escola dos Annales – Marc Bloch e Lucian Febvre. Os Annales também são considerados um movimento mesmo que não homogêneo. Podem-se ser especificados em três fases: a primeira com seus mentores já citados, a segunda marcada por Fernand Braudel e a terceira – também chamada de Nova História -, os historiadores LeGoff, Duby. Há a preocupação da divulgação do conhecimento mesmo que não somente na área acadêmica; não obstante nela ocorrem seus principais debates. Não só isso, havia dois ramos de propostas: um baseado em uma história experimental científica e outra que propunha a interdisciplinaridade, abrangendo métodos e questionamentos advindos de outras ciências sociais. Simiand propõem métodos unificados para todas as áreas de conhecimento humano. Criticava a metodologia positivista uma vez que não aprovava a dimensão temporal cronológica dos fatos, propondo assim, uma identificação de sistemas, estabelecendo-os nas variações e recorrências dos fatos históricos. As sugestões envolviam a sociologia e a partir dos Annales, a história passa a se preocupar com a sociedade e as formas de sociabilidade, já que o homem é um ser social. O homem deixa de ser sujeito e torna-se objeto. Com o tempo, a revista torna-se uma publicação de grande prestígio. No séc XIX permanece a análise positivista e surge a marxista; essa, estabelecendo a práxis de classe revolucionária – ação humana transformadora da realidade social – e aquela possuindo uma visão muito conservadora da sociedade - sendo chamada de reacionária por marxistas ortodoxos. Marx pretende principalmente restituir o homem à sua posição de sujeito retirando-o da alienação. Surgem várias manifestações de suas idéias e a partir daí acontecem conflitos entre os Annales e os já ditos marxistas ortodoxos, que diziam que a revista tinha posição positivista. Outro nome de destaque é Levi Strauss. A sua preocupação era a busca pela interpretação do Homem na sua tomada como objeto através do acesso ao “outro”. Ponty, Durkheim, Levy Bruhl, Bloch e Mauss são exemplos entre tantos que analisaram o acesso à interpretação para o “outro”. Suas contribuições e influências foram importantes, mas Strauss foi quem melhor desenvolveu. De acordo com Mauss o fato social era uma rede de valores simbólicos que se insere no indivíduo mais profundo. No entanto ele não chegou a um modelo. Com Strauss, os fatos sociais não são mais coisas ou idéias, tornam-se estruturas. A etnologia (ramo das ciências humanas que tem por objeto o conhecimento do conjunto dos caracteres de cada etnia, a fim de estabelecer as linhas gerais da estrutura e da evolução das sociedades) torna-se uma forma de pensar que exige a própria transformação daquele que a observa para que seja possível ver como o outro; ignorar seu próprio eu a fim de que se compreenda aquilo que excede a razão. Dessa forma, também para entender a história é preciso de questionamentos do pesquisador e análises de diversas fontes que são vestígio de possibilidades. As ciências socias, por sua característica básica de entender a sociedade, são fundamentais para esse objetivo; daí a importância da interdisciplinaridade.

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