"Ouve apenas superficialmente o que digo
e da falta de sentido nascerá um sentido
como de mim nasce inexplicavelmente vida alta e leve"
C. Lispector

domingo, 9 de agosto de 2009

Personagens

As vezes penso que seria bom se os maias estivessem certos quanto ao fim dos seres humanos. Seria ótimo que nossa raça imunda fosse destruída. Que ódio sinto por ser como eles. Por ser tão hipócrita como são. Por que não posso deixar essa condição e me tornar algo melhor? Algo realmente puro. Qualquer coisa menos humana, menos falha. As vezes sinto inveja dos personagens dos meus livros. Eles podem ser tudo aquilo de que não somos capazes. Podem ser fisicamente mais fortes e resistentes. Podem ser mais belos e inteligentes. Podem ser mais leais, mais divinos. Um personagem que me marcou muito é justamente de um livro recente. Hassan de o Caçador de Pipas. Ele via as coisas boas dos seres humanos. Ele acreditava ser possível uma mudança. Ele era muçulmano e condenava a violência. Tinha todos os motivos do mundo para se rebelar, mas se mantinha leal e servil. Se sacrificava por amor e não olhava para trás. Não se arrependia de dar mais chances a quem não merecia. E mesmo assim, que destino infeliz teve. Hassan mal pode acompanhar o fim da história.
Outros personagens marcantes seriam Jacob Black e Edward Cullen. Nenhum dos dois são homens de verdade. Mesmo assim, melhor o Jacob, independentemente de ele ser melhor cão que lobisomem. Provavelmente minha posição se dá ao fato da minha alma ser um tanto feminista já que Edward por diversas vezes se mostra um pouco autoritário, e também porque Jacob faz o estilo irônico e irreverente. E claro o personagem que mais amei é Heathcliff de o Morro dos ventos uivantes. Não gosto muito da história mais sinto compaixão por Heathcliff, me identifico com ele. Mesmo sendo o antagonista da história. Afinal ele se trasformou apenas pelo egoísmo de Cathy. Ele é aquele personagem cativante e real. Eu o compreendo. Não que justifique suas vinganças, mas mesmo assim sinto pena dele. No fundo a real vítima foi ele. Todavia, falando em me identificar com personagens, creio que a mais parecida seria Jenny Greenley de um dos livros de Meg Cabot, claro há diferenças. Ela não tem a alma envelhecida. Os personagens da Meg nunca tem idade mental superior a 15 anos Provavelmente ela é mais tímida que eu. Bem, eu não me considero nenhuma mártir (num sentido mais laico, associado a alguém que sacrifica a suas vida por uma causa, ou no caso dela, MUITAS causas ;]), e essa é sua característica marcante. Mas alguns aspectos dessa posição podem me ser atribuídos se for levado em conta que nossa maneira de pensar é excessivamente próxima. Entretanto por ser apenas um personagem, seus erros são infinitamente mais aceitáveis. Como gostaria de ser só isso, algo inventado,um personagem. Que alguém definisse minhas vontades, escolhas, posições e meu final. Um fim bem próximo de preferência, sendo feliz ou não. Que minha vida pudesse enriquecer a história, não sendo necessariamente a protagonista, mais simplesmente realizar minha função.

Pena que nem tudo que quero posso conseguir.

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