"Ouve apenas superficialmente o que digo
e da falta de sentido nascerá um sentido
como de mim nasce inexplicavelmente vida alta e leve"
C. Lispector

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Transformando-me


Conforme os anos passam a vida, a percepção do mundo, da minha posição neste mundo, se modifica. Eu me modifico. Olhar-me ano passado -que nem está tão longe assim- é ver uma realidade morta.
Com as pessoas que mais me decepcionaram aprendi a respeitar a individualidade dos outros. A perceber o quanto meu testemunho é importante, a não demonstrar sofrimento àqueles que só se importam com seu próprio ego, a esconder-me em posição confortável... A não dividir minhas angústias com os outros. A tentar, à princípio, desconfiar do caráter de todos. A entender que "everybody lies".
Aprendi que não preciso de comunicação pelo menos 18h por dia e que apenas pensar sozinha pode me livrar de companhias inúteis, brigas desnecessárias, conversas fúteis; assim como fazer com que minhas culpas sejam projetadas à minha frente a todo momento se eu não aceitar e crer que meus pecados foram perdoados muito antes deles serem cometidos. Aprendi a valorizar aqueles que já saíram da minha vida, mas enquanto participavam dela tornaram-na mais colorida. Aprendi muitas coisas que me prejudicam, mas me protegem, e muitas das quais já deveria ter tido como importante.
Vi como a presença e o apoio daqueles que menos esperava pôde fortalecer-me.
Hoje, consigo distinguir com um pouco mais de clareza os objetivos traçados, sabendo quão vazios podem ser e quais são de acordo com a vontade de Deus.
Continuo percebendo que a humanidade é monstruosa, que as pessoas não vão mudar e largar seus costumes errados ou até mesmo perniciosos porque eu as amo, não obstante, sei que Deus é capaz do impossível, de acordo com sua vontade.
Espero e oro para estar escolhendo as companhias certas, estar buscando aquilo de maior valor, estar crescendo espiritualmente, aprendendo da melhor maneira possível a profissão escolhida, evitando conflitos desnecessários e que Deus esteja me dando sabedoria suficiente para sobreviver à nova realidade proporcionada por mudar de cidade e passar a ser caloura da UERJ.
Afinal de contas o terror psicológico que os veteranos tentam impor é cômico, na melhor das hipóteses. Mas esse fato, na verdade, não é o intrigante, e sim o de que a saudade vai me consumir, que experimentarei todo dia o vazio do qual partilhava por algumas semanas nas férias. Que se eu não me dedicar integralmente à meus estudos, tanto bíblicos, quanto profissionais, provavelmente não aproveitarei da melhor maneira a liberdade do estar praticamente só e acabarei deturpando o objetivo mais querido que pude conquistar. Devo lembrar-me a cada dia porque estou ali, porque pedi tanto que chegasse até aquele ponto, para que possa dar honras a quem devo e a quem merece.

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